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Tendo tido um despertar espiritual como resultado destes passos, procurámos levar esta mensagem a outros e praticar estes princípios em todos os aspetos da nossa vida.” Hoje é este o Passo que faz mais sentido na minha vida.

Não sei se posso dizer que fiz todos os outros; acho, pelo menos, que tenho muitas recaídas e que hesito em relação a alguns deles, particularmente no que toca ao “entregar” e ao “pedir”. Mas a minha caminhada neste Programa, ao longo de trinta anos, é, indiscutivelmente, de progresso.

No começo, era a bênção da “impotência perante as drogas e as vidas dos outros” que acalmava o meu complexo de culpa.

“Eu posso modificar-me a mim mesma; aos outros só posso amar”…  Não  foi de um dia para o outro que consegui deixar de fazer sermões, de censurar, de recompensar, de recusar dinheiro, em suma, de intervir na vida da minha adicta. Soltá-la foi – às vezes ainda é – difícil. Mas fui aprendendo que só ela pôde escolher o seu caminho e só ela pôde mudar-se, quando teve força para isso… embora reconhecendo quanto foi importante ter uma retaguarda de amor.

Um aspeto que quero partilhar convosco é que nunca me recriminei , nem me autoflagelei por não cumprir este ou aquele ponto do Programa. Acho que o meu subconsciente me ia dizendo para “manter as coisas simples” e que, mais importante que a “perfeição”, era o “progresso”.

Este Programa foi-se entranhando lentamente na minha vida e foi-me demonstrando que muitas das minhas atitudes, perante mim própria e perante os outros, deviam ser modificadas: eu tenho de ser menos impulsiva, mais paciente, mais tolerante, mais aberta a escutar e aprender. Não sou a dona da verdade. Defendo as ideias que considero certas, mas não tenho de as impor a ninguém. Se encontro obstáculos na minha vida, não é o fim do mundo. “Até que ponto isso é importante?”Até morrer, estou viva e tenho de me agarrar aos momentos felizes e esquecer o que foi menos bom. “Morrer de véspera” vai sendo riscado do meu comportamento. 

Transmito esta mensagem, no meu dia a dia, a muita gente que não conhece o Programa dos Doze Passos e há muitos anos que distribuo o “Só por Hoje” a amigos e companheiros de trabalho, como uma ferramenta importante para a vida de todos.

Tenho dado conta que estou profundamente dependente das nossas reuniões, das partilhas que escuto, do convívio entre as pessoas ( dentro  e fora das reuniões ), do contributo que devo dar . Preciso de todos para conseguir viver “um dia de cada vez”.

“Hoje eu vou manter-me na autoestrada da recuperação, confiando no meu Poder Superior, nos Doze Passos e no meu Grupo FA, para me conduzirem a casa com segurança.”

 

Margarida, Grupo São João de Deus

Desde abril 1990

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